ZOANDO NA CAATINGA |
A VOZ DE VALDENIRA |
|
Valdenira é uma paraibana do semi-árido, vivendo na confluência de vários Estados. Ela é da base da base. Não tem computador e me telefona sempre para dar notícias e falar suas impressões sobre muitos assuntos que afetam os brasileiros da caatinga e de todo o país. Coloco aqui sua fala e discuto com ela suas idéias, às vezes muito radicais e críticas, mas quase sempre cheias de razão e divertidas. Acompanhe. |
|
E agora é cantoria, pois cantar acalenta e desperta.
Acompanhem. "Alôzinho, minha amiga. Depois daquele "porrete" da Saga do Matraga e do Mané da Estrada, o pessoal ficou meio zonzo. Aí disseram, assim: É melhor ir pra cantoria, pra animar um pouco. Chamaram o Zé das Trovas. E ele começou a cantar:
Boa noite minha gente Desse Brasil altaneiro Meu recado vai ser curto Mas de teor verdadeiro Bate encima, bate embaixo Bate embaixo, bate encima O que ficar lá embaixo Não entrará nessa rima Pois aqui eu não sossego E vou logo avisar Se não concordar comigo Cante lá que eu canto cá.
Começou a algazarra, começou a quebradeira. A estrutura não escapa Nem com vela e benzedeira. Não adianta reclamar Do que a água não lavou Do que o vento não levou Nem do leite derramado. Pois daqui anunciei e ninguém acreditou. Quando eu pego na viola Não canso de avisar Quem quiser bater comigo Cante lá que eu canto cá.
A madeira é de lei Ou a estrutura tem cupim. Pra fazer um Brasil novo Só botando um estopim Pra acabar a corrupção E aproveitar o marfim Da consciência política Que vai vir com a ação Do meu povo esquecido Num verdadeiro alçapão Da história brasileira.
A fogueira está ardendo E o povo a esperar Quem quiser cantar comigo Cante lá que eu canto cá.
Quem quiser participar Junte já as energias Pegue a pena, pegue o canto, Vamos entrar na folia Botar fora a injustiça Botar fora a economia Que não serve para o povo Vamos sair dessa via. Pegue já sua viola e ponha o aço a cantar. Em frente e com coragem Cante lá que eu canto cá.
A hora já está chegando A pira já está crescendo. Só esperando o sinal Da doação derradeira. Doamos estrutura velha Criamos a verdadeira. Com isso todos ganhamos E acabará a roubalheira.
Juntemos os corações E vamos todos cantar As vozes todas em uníssono No cante lá que eu canto cá.
"Minha amiga, quando ele terminou estava todo mundo de mãos dadas e compenetrados, esperando as últimas "apreciações", como diz meu amigo ex-ex-revolucionário, do Pedro Grande. Mas essa fica pra próxima. Tchauzinho! Tchauzinho, Valdenira! Que estruturas verdadeiras e democráticas sejam criadas. |
16/07/2005 |
Colunista: Verônica M.Mapurunga de Miranda |
Veja mais na Seção Zoando na Caatinga |
A FALA - www.cepac-ce.com.br |
Espaço Virtual do Centro de Estudos e Pesquisas Agrárias do Ceará-CEPAC |
Proibida a reprodução de artigos e textos |
Todos os Direitos Reservados |