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O livro O Sistema Misto de Produção nos Assentamentos Rurais do Ceará: Organização e Experiências Camponesas  é o resultado de pesquisa realizada de dezembro de 2005 a fevereiro de 2007 patrocinada pelo BNB e Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura. É uma abordagem diferente dos assentamentos rurais, mostrando as ricas experiências e trajetórias dos assentados, que foram construindo e redefinindo suas organizações ao longo de mais de vinte anos, assim como as contradições e gargalos dessa forma de organização, que se desenvolve no condomínio indiviso.

   Foram pesquisados seis assentamentos cearenses inscritos em duas políticas de redistribuição de terras: desapropriação por interesse social e compra da terra através da "reforma agrária amiga do mercado". Dos seis assentamentos, Buriti (Ubajara-Ce), Califórnia (Quixadá-Ce) e Guriú (Camocim e Jijoca de Jericoacoara-Ce) em três ecossistemas serra, sertão e litoral e espaços econômico-sociais diferentes, que configuravam sistemas de produção diferenciados, foram desapropriados em 1985 tendo, portanto, mais de vinte anos. E os assentamentos constituídos por compra da terra, em três ecossistemas diferentes, Canafístula (Ibaretama-Ce), Quinderé I (Aracati-Ce) e Santa Madalena (Pacoti-Ce) tinham no período da pesquisa de campo, 2006, de quatro a oito anos e atualmente têm oito a doze anos.

   Na pesquisa optou-se pelo estudo de caso, com dois focos de análise: a organização dos assentamentos e a sustentabilidade entendida como a capacidade de reprodução das condições de vida e trabalho das famílias assentadas. No livro há um apêndice sobre a metodologia utilizada.
 

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Nota:  O livro O Sistema Misto de Produção nos Assentamentos Rurais do Ceará: Organização e Experiências Camponesas    é o resultado de pesquisa   realizada pelos autores (Verônica Maria Mapurunga de Miranda, Raul Patricio Gastelo Acuña e Geovani Oliveira Tavares) no BNB-ETENE intitulada  inicialmente como ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA POR DESAPROPRIAÇÃO VERSUS IMÓVEIS POR COMPRA DA TERRA: NATUREZA, DINÂMICA INTERNA E PONTOS DE ESTRANGULAMENTO.  A pesquisa foi realizada por convênios entre BNB- Fundação Cearense de Pesquisa e INCRA e teve Apoio do Laboratório de Estudos Rurais (LER) Departamento de Geografia da UFC, na pessoa de Professor Amaro Alencar que era inicialmente um dos pesquisadores. A idéia inicial da pesquisa era trazer uma compreensão sobre a peculiaridade dos assentamentos do Ceará que tinha um sistema misto de produção   e que na pesquisa nacional realizada, por trabalhar com outros parâmetros não tinha sido abordado e nem visto com a profundidade necessária. Raul Patricio Gastelo Acuña e eu, Verônica Maria Mapurunga de Miranda, tínhamos sido coordenadores do Programa de Reforma Agrária no CETREDE (Centro de Treinamento em Desenvolvimento Regional) com pesquisas, diagnósticos, acompanhamento técnico, realização de projetos globais cursos para técnicos em assentamentos rurais na época do Governo Sarney e depois na Era Collor, realizando um trabalho que considerávamos um trabalho específico, pelas condições de rendas diferenciais existentes nos assentamentos do Ceará. Realidade também já conhecida pelos técnicos do INCRA e estudadas por nós desde a Reforma Agrária do período Sarney. A idéia era buscar soluções para um tipo de organização complexa no condomínio indiviso.  Entender porque não poderiam ser divididos era uma das necessidades da pesquisa, reconhecida pelos técnicos do Incra, dos movimentos sociais e dos assentamentos.

 E nesse momento Patricio e eu éramos as pessoas que mais tinham condições de realizar essa pesquisa, que era uma preocupação permanente, dada as circunstâncias em que estavam sendo exercidas as atividades nos assentamentos rurais, com uma assistência técnica e acompanhamento diverso e fragmentado, na época sob a tuição do SEBRAE, que não tinha muita experiência nessa área. Minha preocupação era grande nesse sentido e conversei bastante com Patrício Gastelo sobre isso e surgiu a idéia da pesquisa que pudesse aclarar e ao mesmo tempo ter uma síntese dessa dinâmica interna dos assentamentos e seus principais problemas, ao mesmo tempo entender como estavam esses assentamentos que acompanhamos do início. Havia desconhecimento verdadeiro dos assentamentos, do sistema misto de produção e no INCRA essa dificuldade estava sendo ventilada e tivemos reuniões com o representante do INCRA e BNB para debater em reunião essas questões.

 Convidamos então ao Professor Amaro Alencar  que havia participado dos Programas de Assentamentos Rurais Estaduais no IDACE no mesmo período em que trabalhávamos com os federais e havia participado da pesquisa nacional de assentamentos. Inicialmente partia-se da idéia de que havia muitas diferenças  entre os assentamentos de políticas diferentes(desapropriados por interesse social e imóveis por compra da terra.)  Além disso, foi indicada pelo chefe do ETENE a profª da Unifor, na época, Suely Chacon que entraria como pesquisadora na área da sustentabilidade. Mas, na primeira reunião que a equipe de pesquisadores teve, o Prof. Amaro e Profª Suely diante do exíguo cronograma, em termos de tempo e recursos viram que não conseguiriam concatenar as atividades de suas universidades com a pesquisa e renunciaram. O Prof. Amaro que era subcoordenador da pesquisa fez uma carta ao ETENE-BNB explicando sua renúncia. Foi um momento difícil, porque tivemos que refazer internamente as atividades. A pesquisa era dividida em 3 partes: A primeira sobre as novas formas de organização-econômico social dos assentamentos desapropriados por interesse social do INCRA (historia e organização interna), de minha responsabilidade, a segunda parte, a historia e organização interna dos assentamentos por compra da terra, que era responsabilidade do prof. Amaro, e a sustentabilidade compreendida como as formas de reprodução econômica e social nos dois tipos de assentamentos, responsabilidade de Patricio Gastelo e Profº. Suely Chacon.

Foi convidado o professor Moacir Palmeira como consultor, que na época era professor visitante da UFC e tinha interesse em acompanhar a pesquisa e seria uma pessoa, pelos conhecimentos que tinha nessa área de pesquisa, para debater com os pesquisadores. E o fez em dois momentos: 1. Quando definimos as linhas centrais da pesquisa (inclusive com uma reunião no ETENE-BNB) e outra com os relatórios escritos de cada parte da pesquisa, que ele leu e debateu conosco. Quando foi feita a primeira reunião da pesquisa com o consultor e o ETENE-BNB já tinha se redefinido a equipe da pesquisa. E a equipe redefinida (Veronica Mapurunga de Miranda, Patricio Gastelo e Geovani Oliveira Tavares) foi a que traçou as principais linhas da pesquisa( e eu trabalhei intensamente nisso) inclusive para fazer apresentações de praxe no ETENE-BNB.

A retirada dos dois pesquisadores foi muito difícil porque ficamos com uma incumbência muito maior do que a inicial e tivemos que conseguir outro pesquisador  para a pesquisa não implodir. E conseguimos um, que muito prestativamente entrou na pesquisa nessas circunstâncias, mesmo não sendo um pesquisador dessa área de pesquisa e ajudou a pesquisa a ir adiante. Isso permitiu a pesquisa continuar e com muitos percalços, que acontecem com pesquisadores nessa área, conseguimos chegar ao final.

Patrício Gastelo teve que se desdobrar para fazer, além de sua parte, a pesquisa com os assentamentos com os quais não havia trabalhado, mas como um bom pesquisador dessa área fez um excelente trabalho, no qual participei em um assentamento. Debatíamos muito entre nós, que tínhamos experiência grande de trabalho nessa área e percebemos que seria difícil continuar trabalhando nessas pesquisas com outras pessoas, porque o assunto era específico e o tempo e os recursos sempre eram exíguos. Sabíamos que tínhamos que fazer esse trabalho, que resultou em um ciclo de pesquisas, com resultados importantes para as entidades conveniadas, assentados e movimento sociais para quem fizemos palestras e repassamos o resultado das pesquisas. Essas pesquisas foram registradas e feita devolução em seminários tanto no Bnb, como no INCRA-SEBRAE-ASSENTADOS e MST. No ETENE-BNB estivemos depois a convite da superintendência e funcionários do ETENE para debater os pontos de estrangulamento centrais dos assentamentos e as principais vias de solução

O título da pesquisa foi mudado por dois motivos. Desde o início o consultor Prof. Moacir questionou o título porque achava que não era assentamentos desapropriados por interesse social versus assentamentos por compra da terra, que os assentamentos estavam em uma situação idêntica e o título não representava a profundidade da pesquisa. Realmente depois percebemos a similaridade nas organizações dos dois tipos de assentamentos e também constatamos as similaridades  na organização interna (sistema misto) e os condicionamentos às políticas de crédito e novas formas de pagamento da terra. "Duas faces de uma mesma moeda". 

Recentemente fiz uns posts em minha conta do facebook (veronica mapurunga miranda), porque entraram em minha casa e quebraram o meu computador, sobre o heroísmo de fazer pesquisas nessa área e colocando questões,  como as que não se pode ter uma relação igual com auxiliares e estagiários como na universidade, que tem uma função didático-pedagógico e mais tempo para a realização dos relatórios. São pesquisas complexas e com financiamento curto. Por isso, desde o inicio, na primeira reunião, eu coloquei que não queria auxiliar e estagiário para minha parte, porque tinha experiência com pesquisa, inclusive na universidade, em que tivemos que refazer o trabalho de auxiliares. E pelo tipo de pesquisa e análise que eu tinha que fazer, auxiliares mais atrapalhavam, do que ajudavam. E tivemos muitos percalços. No fim estávamos Patricio e eu, sozinhos no último assentamento pesquisado nos considerando vitoriosos, porque tivemos que contornar muitos problemas. Mas, enfim, tivemos um bom resultado que foi publicado pelo BNB, onde fizemos apresentações do trabalho também.

Mas, o que é estranho e até revolta é ver que depois de todo esse "heroísmo" para fazer uma pesquisa necessária e que foi acolhida pelas entidades conveniadas, assentados e movimentos sociais eu ver no Currículo lattes de alguém, no google, por acaso, que pessoas que não participaram da pesquisa colocaram a pesquisa como sua produção. Além disso, desde que Patricio Gastelo, companheiro em todas essas pesquisas (que foi também um coordenador formal e burocrático, por ser uma exigência) faleceu em 2016 começaram roubos em minha residência, de material de pesquisa, agendas com nomes de pessoas pesquisadas, roubo de backups dos trabalhos que fizemos e ultimamente roubaram até uma pasta com os contratos que fizemos, realizados com as instituições conveniadas e contratos individuais, enquanto pesquisadores autônomos com as entidades. Não posso imaginar qualquer outra coisa que não seja tentativa de fraudar esses contratos e se apropriar de trabalhos que não são seus (por que alguém roubaria esse tipo de contrato e documentos ?).

Tenho vivido sob constante pressão, por causa desses roubos, que já denunciei aqui, e ainda fica a pergunta: Quem quer roubar a vida e experiência de outro? Poderíamos aventar que é um tipo de desequilíbrio dessas pessoas, mas também há provavelmente alguma vantagem econômica ou de emprego, ou alguém que quer fazer seus doutorados e pós-doutorados à custa dos trabalhos dos outros. O que nós temos como intelectuais, artistas e criadores é o nosso trabalho. Nada caiu do céu. É um esforço grande, de estudos, de trabalho a vida inteira e isso representa o resultado da experiência de uma vida. Por que algum(a) corrupto(a) quer destruir isso e se apoderar do trabalho dos outros? Abaixo a cópia do texto colocado no facebook.

Veronica Maria Mapurunga de Miranda -25.04.2023

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FAZER PESQUISA CÁ NO CEARÁ-BRASIL É ATO DE HEROÍSMO

http://livroassentamentosruraisdoceara.blogspot.com/

 A pesquisa sobre o sistema misto nos assentamentos rurais do Ceará foi a primeira de um ciclo de pesquisas.

 Esse ciclo de pesquisas foi um ciclo muito bem recebido nas instituições conveniadas, porque além de tratar de aspectos específicos dos assentamentos rurais do Ceara, no sistema misto de produção e condomínio indiviso, que nunca tinha tido essa abordagem antes, trazia propostas para o encaminhamento dos problemas centrais dos assentamentos e fazia um resgate da historia dos assentamentos e da luta dos assentados na conquista da terra.

Outras pesquisas foram realizadas, além desta primeira pesquisa. Estou certa, ainda hoje, que ninguém além de nós dois (eu e Patrício Gastelo) teria condições de realizar estas pesquisas com estas abordagens. Não é uma questão de documentos, mas de experiência e conhecimento do assunto.

Essa pesquisa começou de uma preocupação inicial minha com o andamento das políticas para os assentamentos rurais sob a tuição do Sebrae, que não tinha conhecimentos e experiência nesse campo e vários funcionários do Incra tinham colocado essa preocupação. Havia uma confusão de entidades que trabalhavam nos assentamentos, com focos diferentes e sem entender a dinâmica interna deles.

 Então eu e Patrício Gastelo que tínhamos trabalhado durante uns 20 anos com os assentamentos rurais em assessoria, pesquisas, diagnósticos, planos globais de assentamentos, formação e acompanhamento de assessores de área, cursos para técnicos do Estado, nos sentíamos com a responsabilidade de repassar esse conhecimento e de enfocar os principais pontos de estrangulamento dos assentamentos em condomínio indiviso.

A dificuldade era conseguir um financiamento mínimo para isso. Era de interesse do Incra estadual e do presidente do ETENE na época.  E convidamos o professor Amaro Alencar da UFC, que durante o tempo que trabalhamos no Cetrede coordenando e realizando essas atividades na época do governo Sarney, ele fazia atividades no IDACE com assentamentos estaduais. Seríamos 3 pesquisadores com partes definidas na pesquisa. Mas, o chefe do Etene indicou outra pesquisadora que era professora da UNIFOR e que podia trabalhar com o tema da sustentabilidade nos assentamentos estaduais.

Foi convidado o professor Moacir Palmeira que na época era professor visitante da UFC e tinha interesse em acompanhar a pesquisa e seria uma pessoa para debater com os pesquisadores. E o fez em dois momentos: 1. Quando definimos as linhas centrais da pesquisa (inclusive com uma reunião no ETENE-BNB) e outra com os relatórios escritos de cada parte da pesquisa, que ele leu e debateu conosco.

Antes, porém, tivemos uma reunião com os pesquisadores para definir as atividades, o tempo de trabalho e a entrega de relatórios e então os professores Amaro Alencar e Suely Chacon viram que não conseguiam realizar e concatenar as atividades da pesquisa com suas cargas horárias nas universidades e renunciaram.  O Professor Amaro que era subcoordenador da pesquisa fez uma carta de renúncia para o ETENE.

Tivemos que refazer internamente as atividades e Geovani Tavares entrou como outro pesquisador e mesmo não sendo da área da pesquisa ajudou a pesquisa a continuar. Quando fizemos a primeira reunião da pesquisa no BNB sobre as linhas de pesquisa e atividades, os pesquisadores já estavam definidos e foram os que fizeram toda a pesquisa, entregaram o relatório final e tornaram-se os autores do livro.

Foi uma pesquisa heróica em todos os sentidos. Porque havia pouco tempo e o financiamento era pouco. E só a fizemos com esse cronograma exíguo porque tínhamos muito conhecimento do assunto e material de pesquisa de nossas atividades anteriores ( material este que começou a ser roubado depois do falecimento de meu companheiro Patrício)

 No final estávamos somente nós dois ( eu e Patrício) nos últimos trabalhos de campo, que foi no assentamento Guriú.  

No Assentamento Burití tínhamos sido abandonados no meio da pesquisa pelo estagiário, que foi conosco para fazer entrevistas de questionários. O agravante dessa história é que cheguei afônica no assentamento pelo ar condicionado do carro e com cascas de romã e própolis no dia seguinte estava rouca, mas a postos para as entrevistas. O superintendente do Incra tinha mandado uma ordem para o motorista voltar antes do tempo previsto da pesquisa de campo. E conseguimos com muito esforço, por telefone, permanecer até o final das entrevistas. E além das minhas entrevistas tive que ajudar Patrício com os questionários. No hotel, na revisão dos questionários (praxe na pesquisa) verificamos a necessidade de refazer alguns questionários feitos pelo estagiário que tinha nos deixado. Tivemos também que refazer as entrevistas. Essa fase de trabalho de campo foi atropelada e saiu do cronograma. O Incra colocou os carros para a pesquisa de campo quando a liberação dos pagamentos de salário já tinham terminado, daí a dificuldade com o estagiário.

Quando saíamos do Assentamento Guriú era dezembro e disse para Patrício: Vamos comemorar o natal soltando fogos, porque somos vitoriosos. Conseguimos fazer os relatórios cada um em sua parte. E eu que era responsável pela primeira parte da pesquisa sobre as novas formas de organização econômico social dos assentamentos desapropriados por interesse social do INCRA, fiz tudo sem nenhum auxiliar de pesquisa e estagiário, porque no tipo de trabalho que estava realizando eles mais atrapalhavam do que ajudavam.

Eu tinha material suficiente realizado anteriormente em documentação do próprio INCRA, dos projetos globais realizados nos assentamentos, entrevistas feitas por mim com os assentados, com outros técnicos que fizeram projetos no assentamento e entrevistas qualitativas realizadas por mim na pesquisa.

Nós tínhamos tido experiência com pesquisas anteriores na universidade, inclusive, que tem uma função didática e pedagógica, em que tivemos que refazer muitos trabalhos feitos por auxiliares. E aqui o tempo era exíguo. E eu falei logo no início, não necessito de auxiliar de pesquisa para nada.

Um trabalho etnográfico com os assentados não pode ser feito por qualquer pessoa. É necessário saber fazer.

Quando um dos assentados de Guriú leu o livro e estava em uma reunião onde apresentamos os resultados das pesquisas para técnicos e assentados, ele disse emocionado: Passei a noite sem conseguir dormir lendo a história do Guriú. E o que eu fiquei mais impressionado é que quando Dona fulana terminou a parte dela, o sr fulano continuou a história.

De fato, este é um trabalho etnográfico feito por mim, de juntar os fios e as peças dessa história, deixando que ela fosse contada por eles.

E isso não é trabalho para qualquer pessoa. Um engenheiro dificilmente vai fazer isso. É um trabalho imenso e para quem tem condições de fazê-lo. Ninguém encontra história de assentamento pronta. Cada entrevista que você faz está cheia de conhecimentos prévios sobre a dinâmica dos assentamentos e sobre o assentamento que está sendo pesquisado.

Sou uma historiadora de documentos e de campo e tive oportunidade de aprender economia, ciências sociais e economia camponesa. E isso é o que faz a diferença.

Nas outras pesquisas do ciclo assentamentos rurais decidimos que faríamos somente nós dois (eu e Patrício), porque, de fato, recaía sobre nós todo o trabalho. E nosso trabalho era mais sintonizado.

Portanto, quem rouba trabalho dos outros tem que saber o significado disso. Cada parte dessa pesquisa tem muito trabalho, tempo dedicado, experiência e conhecimentos acumulados de uma vida.

Verônica Maria Mapurunga de Miranda. 13.03.2023

 

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https://www.facebook.com/100007939717631/posts/3250344751906817/?app=fbl

Estou colocando este link porque havia colocado este texto nesta data e depois disso da mesma forma como já fizeram com vários materiais de pesquisas que eu e meu companheiro de vida e trabalho (Raul Patricio Gastelo Acuña falecido em 2016) fizemos no Bnb-Etene sobre assentamentos rurais do ceará, roubaram uma pasta de documentos e contratos assinados, nossos com as instituições federais envolvidas sobre as pesquisas que realizamos.

Deveria fazer um B.O sobre os documentos roubados, mas da última vez que fiz B.O tive problemas porque não podemos comprovar os autores dos roubos e nem mesmo aquilo que foi roubado. Mas já roubaram muitas coisas de trabalho e pesquisas minha e de meu companheiro. O objetivo parece claro, é falsificar, fraudar contratos e roubar pesquisas

Essas pesquisas foram registradas e feita devolução em seminários tanto no Bnb, como no INCRA-SEBRAE-ASSENTADOS e MST. Sinto-me na obrigação de comunicar a quantos possa, porque não sabemos a finalidade desses roubos e como vão utilizar esses materiais roubados. Alguém pode se meter em encrenca por comprar material roubado. Algum orientador de universidade pode se dar mal por orientar tese roubada e as instituições federais envolvidas precisam se precaver de serem acusadas de corrupção. Este é o Brasil perigoso que nós estamos vivendo, de pessoas que não constroem, só corrompem e roubam.

 

                             Verônica Maria Mapurunga de Miranda

Autores:

Verônica Maria Mapurunga de Miranda; Raul Patricio Gastelo Acuña e Geovani Oliveira Tavares.

 

Cadernos Subsídios

CADERNOS SUBSÍDIOS  é uma publicação do Centro de Estudos e Pesquisas Agrárias  do Ceará - CEPAC. Seu objetivo é levar prioritariamente, ao público interessado e entidades que trabalham com esses temas, o produto das  reflexões e pesquisas  dos membros do CEPAC e de outros pesquisadores que partilham com eles preocupações semelhantes. Seus artigos estão orientados para debater a pequena produção camponesa, as questões relativas ao semi-árido e seus nexos culturais, econômicos, políticos e sociais. A temática dos Cadernos também abrangerá os problemas da cultura, política e direitos sociais.

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Nº 1- A COOPERATIVA AGRÍCOLA DE VIÇOSA E O PROJETO FNE: FINALIDADES E DESCAMINHOS

ARTIGOS

Leia todos os artigos na íntegra on-line

 

 

 


RESUMO DOS ARTIGOS

·        A Cooperativa Agrícola de Viçosa e o Projeto FNE: Uma Metodologia de projeto Associativo -Verônica M.Mapurunga de Miranda

RESUMO

Partindo das dificuldades que enfrenta a manutenção e reprodução da pequena produção cearense pelas transformações exigidas pelo mercado, este artigo elabora uma reflexão sobre a peculiaridade dos projetos associativos para pequenos produtores. As unidades produtivas familiares pela trama de relações sociais que a caracterizam, basicamente trabalho familiar e complexas relações com o mercado enfrentam inúmeros obstáculos quando recorrem ao crédito oficial pela incompreensão de sua singularidade interna específica. Essa dinâmica particular é ainda mais complexa quando se trata de projetos associativos e cooperativas para pequenos produtores pelas complexidades já apontadas acrescidas das dificuldades da gestão associativa em  um sistema cooperativista que não atende à lógica da pequena produção. Tomando uma situação empírica, a Cooperativa Agrícola de Viçosa, se explicitam os elementos teóricos e as diversas fases metodológicas que pautaram a elaboração do projeto FNE para a Cooperativa. Estes elementos podem servir de subsídios na reflexão e elaboração de projetos associativos e cooperativas de pequenos produtores rurais.

  • A Crise da Cooperativa Agrícola de Viçosa e os Descaminhos do FNE-Raul Patrício Gastelo Acuña e Verônica M. Mapurunga de Miranda

RESUMO

Rotineiramente o associativismo rural e especificamente as formas de organização cooperativa de pequenos produtores rurais são colocados como caminhos aos quais os pequenos produtores rurais podem recorrer para superar os entraves decorrentes da pouca terra, em quantidade e qualidade, obter créditos subsidiados para modificar a base técnica de produção e resolver problemas de assistência técnica e comercialização. Este artigo apresenta minuciosa análise da Cooperativa Agrícola de Viçosa do Ceará (COVIÇOSA) e mostra que as dificuldades que enfrenta o associativismo são de variada ordem e com diferentes graus de complexidade. Por um lado, as dificuldades enfrentadas para democratizar as estruturas internas da Cooperativa presas a uma cultura política autoritária e clientelista, e por outro lado, as dificuldades institucionais que se manifestam concretamente nas normas e práticas do Banco do Nordeste do Brasil.  

  • As Contradições no Planejamento da Pequena Produção: Elementos para uma Reflexão - Verônica M. Mapurunga de Miranda e Raul Patrício Gastelo Acuña

RESUMO

Tomando como referencial empírico a Cooperativa Agrícola de Viçosa do Ceará (COVIÇOSA) este artigo aponta as contradições e as dificuldades que enfrenta a pequena produção familiar e suas relações com o crédito oficial. Desvenda as contradições existentes entre o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) como instituição de fomento à pequena produção seja individual ou associativa e o seu caráter misto, isto  é seu caráter de banco estatal e banco privado ao mesmo tempo. Faz, também, uma  apreciação crítica às práticas operacionais do BNB e à concepção das políticas de crédito orientadas para a pequena produção, na década de 90 do século passado. Esse texto serve também como referencial  para análise histórica das ações do BNB e de Cooperativas existentes nessa época e das décadas posteriores, em que os Programas de Crédito sofreram outra direção e formas de aplicação. 

 

© Cepac-Centro de Estudos e Pesquisas Agrárias do Ceará-1996 -1ª edição

 

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